Antoine Sibertin-Blanc

Antoine Sibertin-Blanc, Manuel Rodrigues Coelho
Antoine Sibertin-Blanc

Nascido em Paris, Antoine Sibertin-Blanc foi aluno, de 1945 a 1954, na Escola César Franck onde recebeu uma formação multidisciplinar, obtendo nomeadamente, sob a orientação de Édouard Souberbielle, o Diploma de órgão e de improvisação. Beneficiando, simultaneamente, do ensino de Maurice Duruflé no Conservatório Nacional Superior de Paris, é nomeando em 1952 organista da «Maîtrise de la Madeleine» e «Maître de Chapelle» de S. Merry.

Em 1955, deixa Paris para assumir em Luxemburgo, durante cinco anos, o cargo de organista da Igreja S. José.

No entanto, em 1961, face à ocasião que se apesenta de ensinar órgão em Lisboa no Centro de Estudos Gregorianos, recentemente fundado, não hesita.

À sua chegada, beneficiando logo de um Conjunto de circunstâncias favoráveis, é nomeado em 1965 titular do Grande Órgão da Sé e, mais tarde, da classe de órgão da Escola Superior de Música de Lisboa, dois lugares-chave, com muita repercussões em todos os planos num país que, após um longo declínio, redescobre pouco a pouco as maravilhas do seu próprio património, restaura os seus órgãos e, pela mesma ocasião, acede ao conhecimento e à prática do grande repertório organístico Universal.

Atento a todos os aspectos deste renascimento, Antoine Sibertin-Blanc prossegue incansavelmente a sua tarefa de divulgação através do país, e no plano internacional, em toda a Europa e no Brasil.

No campo do disco, as suas realizações publicadas, nomeadamente por Erato e Columbia-EMI, ocasionaram as melhores críticas.

Em 1999, Antoine Sibertin-Blanc foi honrado com o título de Comendador da Ordem de Santiago de Espada pelo Presidente da República Portuguesa.

Discografia

Álbuns

Manuel Rodrigues Coelho, Antoine Sibertin-Blanc – Flores de Música (Ao Órgão da Sé Patriarcal de Lisboa) ‎(LP, Álbum) Columbia, Columbia SPMX 5009, YCPX 1020 1968
Georges Frédéric Haendel – Antoine Sibertin Blanc – Dix Pièces Inédites Composées Pour Une Horloge À Mécanisme D’Orgue, Concerto N° 1 En Sol Mineur Pour Orgue ‎(LP, Álbum) Arion ARN 37236 1974
Carlos Seixas / Antoine Sibertin-Blanc, Bernard Ravelle-Chapuis – Sonatas para Flauta e Órgão – Versão Inédita ‎(LP, Álbum) Sassetti SST – 75048 1984
Antoine Sibertin-Blanc, Coro e Grupo de Música tradicional do Centro Cultural e Desportivo dos Trabalhadores do Banco Português do Atlântico – Musica Antiga Portuguesa ‎(CD, Álbum) (GDC Self-released) GDC BPA 001 1997
Nikolaus Bruhns, Antoine Sibertin-Blanc, Madalena Abrunhosa, Ictus Schola Cantorum, Christoph Schaffrath, Manuel Rodrigues Coelho, António Correa Braga – Canto Gregoriano – Recital de Órgão ‎(CD, Álbum) RCA Classics, BMG Portugal 7432 1 61144 2, 1998 A L’Orgue de La Cathédrale de Lisbonne ‎(CD, Álbum) 2005
Manuel Rodrigues Coelho, Antoine Sibertin-Blanc – Flores de Musica – Extraits ‎(LP) Erato EDO 219

Fonte: Discogs

Antoine Sibertin-Blanc, Manuel Rodrigues Coelho

Peças inéditas de G. Fr. Haendel

Originalmente compostas para um relógio com mecanismo de órgão, as dez breves peças inéditas que introduzem o presente CD foram-me reveladas absolutamente por acaso. Foi em abril de 1974, quando o proprietário do relógio em questão, o Senhor Pedro Felner Costa, desejoso de mandar restaurar o mecanismo do mesmo, me mandou realizar uma gravação a partir dos manuscritos dos quais me submeteu os fac-similes. O Senhor Pedro Felner Costa, cuja família possuía o referido relógio em Londres desde há muitos anos, não deixou de chamar a minha atenção para o facto de estas composições serem da autoria do próprio Haendel, como atestam os documentos históricos ligados a este autêntica peça de museu.

Antoine Sibertin-Blanc, Peças inéditas de G. Fr. Haendel

Antoine Sibertin-Blanc, Peças inéditas de G. Fr. Haendel

Avaliei logo o interesse da descoberta, tanto mais que, no meio da obra imensa do compositor, esta suite de « peçazinhas » constitui um exemplo único, não parecendo a sua função utilitária e o seu lado pitoresco em nada terem travado a sua imaginação criativa.

Quanto à sua apresentação no contexto do presente CD, se, concebidas originalmente para pontuar o tempo de hora em hora, ou seja, separadamente, estas obras se encontravam, por outro lado, do ponto de vista da sua concretização sonora, submetidas às limitações do jogo, provavelmente único, do relógio em questão, a situação é aqui, naturalmente, completamente diferente.

Com efeito, ao libertá-las, para a ocasião, dos constrangimentos e limitações da sua função primeira, e ao reuni-las em forma de Suite, revelam-se na sua pureza primitiva e no encanto da sua surpreendente diversidade, oferecendo-nos todas as possibilidades, no órgão de interpretá-las em função do seu carácter e com a subtileza sonora de uma registação tão judiciosamente seleccionada quanto possível.

Foi o grande órgão da Sé Patriarcal de Lisboa que escolhemos para as apresentar aqui. Trata-se de um instrumento de estilo neo-barroco, construído em 1965 pelo Mestre-Organeiro A. Flentrop.

Para completar o CD, aproveitámos a ocasião para interpretar algumas obras barrocas da Escola nórdica.

Em primeiro lugar, do neerlandês J.P. Sweelinck (1562-1621), Variações sobre «Mein junges Leben hat ein End». Depois, do dinamarquês D. Buxtehude (1637-1707), a Chacona em mi menor. A seguir, reencontramos G. Fr. Haendel com o seu concerto n°1 em sol menor, numa versão para órgão solo, e com uma das suas suites para teclado, em mi menor. Concluimos com uma improvisação livre.

Antoine SIBERTIN-BLANC

A l’Orgue de la Cathédrale de Lisbonne

O Grande Órgão de Sé Patriarcal de Lisboa

Principiando pela imponente “Introdução e Passacaglia” em ré menor de Max REGER (1873-1916), umas das páginas mais majestosas do neo-romantismo alemão, o programa prossegue com uma apresentação cronológica de 5 autores ibéricos, 4 portugueses e um espanhol, integrando mais de dois séculos da história musical peninsular.

Em primeiro lugar, Manuel RODRIGUES COELHO (1555-1635) com duas breves sequências de cinco versículos sobre o Kyrie, pertencendo à sua compilação “Flores da Música”, publicada em 1620.

Segue-se uma típica “Batalha” de António CORRÊA BRAGA (Séc. XVII), um português recentemente redescoberto.

Com Juan CABANILLES (1644-1712) é o apogeu da grande tradição espanhola que atingimos, enquanto que, com Carlos SEIXAS (1704-1742), o seu estilo requintado e precioso, nos coloca em pleno na atmosfera do Século XVIII, no coração de um cosmopolitismo em plena efervescência. Menos prolífico que Carlos SEIXAS, mas igualmente dotado, apresenta-se Francisco Xavier BAPTISTA (?-1797), organista da Sé de Lisboa, cujo estilo constitui um precioso testemunho das últimas luzes do fim do Século XVIII.

Num registo bastante diferente, a “Suite portuguesa” de Antoine SIBERTIN-BLANC, vem trazer a sua contribuição nesta apresentação geral do instrumento. Obra inédita, escrita em 1974 para o órgão em questão, opõe ao estatismo de uma breve “Introdução”, a vitalidade rítmica de uma “Fantasia” vivamente contrastada. Quanto ao “Ricercare”, apresenta, na firme regularidade do seu tempo, vários níveis de “Recherche”, tanto no plano das combinações polifónicas, como no jogo das harmonias e das cores.

Precisamos que a gravação do presente CD se realizou de dia, na Catedral livremente aberta aos visitantes, e submetida aos ruídos de fundo provenientes da Cidade em movimento.

Antoine Sibertin-Blanc, A l’Orgue de la Cathédrale de

Antoine Sibertin-Blanc, A l’Orgue de la Cathédrale de Lisbonne

Partilhe
Share on facebook
Facebook