Daniel Oliveira

Daniel Oliveira e Marcos Lázaro, Torres Vedras - Órgão da Igreja da Misericórdia
Daniel Oliveira

Natural de Alenquer, Daniel Oliveira é diplomado em Musicologia pela Universidade Nova de Lisboa, licenciado em Órgão pela Escola Superior de Música de Lisboa sob orientação de João Vaz e mestre em Pedagogia do Órgão pela mesma instituição. Frequenta a licenciatura em cravo na Escola Superior de Música de Lisboa, sob orientação de Ana Mafalda Castro.

Discografia

Órgão Histórico Bento Fontanes (1773) da Igreja da Misericórdia – Torres Vedras

Titulo: O Órgão Histórico da Igreja Misericórdia – Torres Vedras

Intervenientes:

Marcos Lázaro, Violino
Daniel Oliveira, Órgão e Baixo Contínuo

Produtor e editor: François Sibertin-Blanc – FSB Musique
Gravação: François Sibertin-Blanc – Dezembro de 2019

Apoios:
Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras
Câmara Municipal de Torres Vedras

Daniel Oliveira e Marcos Lázaro, Torres Vedras – Órgão da Igreja da Misericórdia

Daniel Oliveira e Marcos Lázaro, Torres Vedras – Órgão da Igreja da Misericórdia

O Órgão Histórico Bento Fontanes (1773)

Dinarte Machado (Restauro em 2008)

A construção do órgão histórico da Igreja da Misericórdia de Torres Vedras é atribuída a Bento Fontanes, membro de uma família de organeiros da Galiza, que se fixou em Portugal, deixando um notável espólio de instrumentos.

Sendo um instrumento com características ibéricas no que respeita à sua composição e disposição, a sua caixa, bem como a montra, enquadram-se na estética italiana, testemunhando a forte influência italiana em Portugal no século XVIII.

Este documento discográfico proporciona-nos uma autêntica recriação musical neste espaço histórico da Igreja da Misericórdia, apresentando alguns dos principais géneros musicais cultivados em Portugal nos séculos XVII e XVIII, tais como as Sonatas da Chiesa para violino e baixo contínuo (técnica de acompanhamento e composição do período barroco) da autoria de geniais compositores como Antonio Vivaldi (1678-1741), Tomaso Albinoni (1671-1751), ou mesmo de G. Philipp Telemann (1681-1767), bem como as sonatas para Tecla de importantes autores portugueses e italianos, tais como Carlos Seixas (1704-1742), Frei Jacinto Sacramento (1712-?) ou Andrea Luchesi (1741-1801).

Daniel Oliveira, Organista titular

O Órgão e a Cidade

“A cultura é uma necessidade imprescindível de toda uma vida, é uma dimensão constitutiva de toda a existência humana, como as mãos são um atributo do homem.“ Ortega y Gasset (1928)

O ciclo de órgão de Torres Vedras nasceu de uma comunhão de vontades que aproximou, de forma cúmplice, uma plêiade de instituições de índole vária a artistas, músicos e compositores de diferentes gerações, mundividências, poéticas e universos estéticos. Dando corpo a um verdadeiro movimento cultural, funda-se num repositório de princípios e valores, entre os quais avulta a preservação, conservação, valorização e divulgação do património cultural material e imaterial de que as comunidades são testamentárias. Esse princípio surge, no quadro deste processo, como impulso e Horizonte, atravessando as suas múltiplas expressões.

A forte ancoragem social que o ciclo de órgão de Torres Vedras concita, traduzida no envolvimento de instituições culturais de referência e na crescente e expressiva participação dos cidadãos de diferentes geografias nas várias propostas nele contempladas, representa a sua maior força e distintividade.

Este arrebatador, multiforme e cosmopolita movimento coletivo, revela, inequivocamente, que a dita Música Erudita pode ser popular no sentido de democraticamente apropriada, intensamente vivida, amplamente experimentada por todos e todas, sem fronteiras culturais ou estratificações sociais e, de igual modo, livre e desprovida de quaisquer concessões ou vénias à vulgaridade.

A Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras, em 2005 e após 100 anos de inatividade, deliberou entregar a reconstrução do seu Órgão de Tubos construído pelo organeiro galego Bento Fontanes de Maqueira ao organeiro Dinarte Machado, num esforço económico Conjunto com a Câmara Municipal de Torres Vedras e com o Governo Civil. Após três anos de trabalhos, a população Torriense teve o privilégio de, no dia 21 de dezembro de 2008, assistir ao primeiro concerto deste magnífico instrumento.

Desde a deliberação de recuperação do Órgão de Tubos até aos dias de hoje, e futuros, a Santa casa da Misericórdia disponibiliza este precioso bem da sua Igreja à população, quer no aprendizado, quer nos concertos, e em tudo que se mostrar relevante e de interesse para a cultura da população Torriense e de todos os que são apreciadores deste género musical.

Vasco Fernandes (Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras)

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