Ignition
AsUR
Com selo da AsUR, “Caminho” (2023) é o álbum inaugural do quarteto Ignition, formação de configuração instrumental inaudita e que explora cruzamentos entre o jazz, o rock, o funk e as eletrónicas.
O jazz nacional tem dado provas de que atravessa uma fase particularmente pujante, tanto em quantidade como em diversidade de propostas estilísticas. Mas o chamado “jazz de fusão” (expressão redundante, pois o próprio jazz é uma fusão) – aceitando que a mesma versa o cruzamento com o rock, o funk e certas eletrónicas – não será dos domínios mais explorados. Pois é por aí que vai o quarteto Ignition, formação de geometria pouco habitual, com dois sopros graves – a tuba de Gil Gonçalves e o clarinete baixo de Paulo Bernardino –, com grande amplitude de registo e dividindo entre si as funções de baixo ou melodia, aliados à guitarra de Manuel Rocha e à bateria de Joel Silva. Juntam-se as eletrónicas que cada um aporta de modo diferente.
As origens deste quarteto radicam na amizade e admiração mútua que ao longo dos anos se consolidou entre Gil Gonçalves e Paulo Bernardino, músicos que partilham percursos similares (ambos têm uma formação de pendor mais clássico) e uma visão musical afim. Os dois decidiram formar os Ignition e convidar para a secção rítmica Joel Silva (baterista versátil, com formação de jazz, mas que também passou pela clássica e pelo rock, cujo único álbum como líder, “Geyser”, reclama sucessor) e Manuel Rocha, líder do seu próprio e quarteto e com várias outras colaborações de assinalar.
Um disco eclético para o qual convergem elementos de diferentes territórios musicais, do jazz ao rock, com incursões pela eletrónica e por sonoridades mais tradicionais. O repertório que o grupo apresenta é todo original.
Fonte: Jazz.pt