Leonor Baldaque
Leonor Baldaque
Leonor Baldaque nasceu no Porto, e começou a estudar violoncelo muito nova. Aos 19 anos, a convite de Manoel de Oliveira, deu início à sua carreira de atriz, tendo trabalhado com o cineasta português durante 12 anos. Fez o seu último filme, “La Religieuse Portugaise”, com o cineasta francês Eugène Green, filme graças ao qual venceu o prémio de melhor atriz da Fundação GDA.
Entretanto, já se tinha mudado para Paris, onde vive há mais de 20 anos. Deixando o cinema, dedica-se por completo à escrita, escrevendo em língua francesa. Publicou até à data dois romances, em duas das mais prestigiadas editoras francesas, Vita (La Vie Légère), (éditions Gallimard), e Piero Solitude (éditions Verdier). Enquanto escrevia o seu terceiro romance, adquiriu uma guitarra, algo que veio por completo revolucionar a sua vida e criação.
Tinha estudado violoncelo e piano — mas, até agora, como ela diz «não sabia que tinha uma voz ». Este álbum está aqui para mostrar que tem uma voz, e que voz: única, profunda, recitando como quem canta, e cantando como quem recita. Uma voz envolvente, médio-grave, e que percorre os seus textos com uma intimidade desarmante, e um sentido da representação inato.
Em “A Few Dates of Love”, o seu álbum de estreia, Leonor Baldaque fez uma escolha, em parte cronológica, começando pelo início, em parte narrativa, contando uma história, e seleccionou dez temas. Estamos perante uma poetisa, antes de mais. De uma contadora de histórias. E de uma intérprete de génio. A simplicidade da guitarra, na maior parte dos temas, é constantemente envolta de melodias que parecem viajar sós por cima dessas notas. A sua voz dá-se, retira-se. Desvenda e esconde. A sua narrativa é pessoal, recorrendo a um imaginário rico, que é como um poço de palavras, de imagens e cenários, quase sem fundo. O vento, a viagem, o amor, a falta dele, o anoitecer sobre uma guitarra; o Verão, o exterior, os Canyons, o álcool e um palácio: passageiros no seu mundo, Leonor Baldaque arrebata-nos consigo, e não conseguimos retirar a nossa atenção do que nos veio dizer.
Um álbum que podemos qualificar de “independente”, e que é como uma viagem dentro de uma personalidade multifacetada, difícil de assimilar a outros artistas, e onde podemos apenas entrever a presença, algures, de Leonard Cohen, da Folk americana, do Folk-rock, mas já distante. Leonor Baldaque pegou no que encontrou, e fez o seu caminho. É responsável pelas letras e composições e assina ainda a realização e edição dos seus videoclips.