Nuno da Câmara Pereira
Nuno da Câmara Pereira
Cf. Tiago Torres da Silva
Nuno da Câmara Pereira tem no Fado as origens, a tradição e a sua natureza onde força e sensibilidade convivem dando origem a uma voz de timbre único, peculiar e com um vibrato que serve maravilhosamente o Fado.
“Foi com esta alma forte e este coração sensível que numa distante noite de 1977, no Coliseu dos Recreios, nascia profissionalmente o fadista Nuno da Câmara Pereira. A mítica sala que o viu nascer iria a dar-lhe muitas alegrias ao enfrentar sucessivas lotações esgotadas no Coliseu.
No primeiro disco, chamado simplesmente” Fado!” Nuno protagonizou uma surpreendente reaproximação entre o Fado e o público que na altura andava afastado das coisas fadistas. Importa è que desde então nunca mais o Fado saiu de moda e as novas gerações de fadistas muito devem a este moimento iniciado nos primeiros anos da década de oitenta. Este movimento foi amplamente aplaudido até pelos fadistas mais tradicionais.
Por cada disco que lançava, Nuno colocava meia dúzia de canções na boca de toda a gente, canções que ultrapassavam largamente o público do Fado e entravam pelas casas dos nobres e dos menos nobres com letras que falavam de gente do povo como a Maria da Vila, a Rosinha dos limões ou o Fado do Ladrão Enamorado. A popularidade destas canções leva-o em 1986 ao primeiro lugar do top de vendas com “Mar Português”que atingiu a dupla platina (hoje seria hexa- platina), e quatro anos após a estreia em disco.
Nuno repetiu o êxito de “Mar Português” com “ A Terra, O Mar e o Céu” de 1987 e” Guitarra”.
O tempo passa, a voz aprimora-se, a popularidade mantêm-se. “ Atlântico”, ”Só à Noitinha “ e “Tudo do Melhor “ ultrapassam as 10 mil copias vendidas.
Os galardões sucederam-se, discos de prata, de ouro e platina, troféus Nova Gente, Sete de Ouro e um sem fim de prémios fosse qual fosse o desafio de um interprete que nunca se ficou apenas pelo Fado.
Nuno viajou muitas vezes com o Fado na bagagem. Apresentou-se em Madrid, Paris, Rio de Janeiro (no mítico Canecão), Maputo, Bissau, Toronto, Maastricht (festival Internacional da UNICEF), Washington, Dublin, Joanesburgo, Bruxelas (Europália), Díli, sempre com óptimas críticas e aplausos quentes de plateias tocadas pela “bonita voz devoluta a um sentimento enorme de saudade, entregue ao espírito das ruelas e das pátrias – cada nota é uma pequena história de passadas grandezas” como disse Miguel Esteves Cardoso.
Em Itália, muitas vezes Itália, Florença, Sicília, Nápoles… As páginas sobre ele em língua italiana sucedem-se. Os fãs constroem sites não oficiais. E tudo isto porque um feliz encontro num Festival na Ilha de Malta com Consiglia Licciardi, intérprete da Canção Napolitana resultou num espectáculo concebido por Nuno e o musicólogo Italiano Paolo Scarnechia onde o Fado e a canção napolitana desfilaram lado a lado, evidenciando paixões comuns e temas tradicionais de Nápoles e Lisboa.
Recebeu a medalha de prata da cidade de Lisboa e de Sintra.
(Tiago Torres da Silva, adapt.)
Enorme, a qualidade e cuidado num dos seus últimos álbuns dedicados ao Fado e à musica latino-americana, cantando em castelhano ao lado de grandes nomes como de Rossana, Lucrécia ou do” Pink Floid” Snowy White, o álbum “A Última Noite”.
Com o seu álbum “Lusitânia” Nuno regressou às origens, surpreendendo tudo e todos, recriou a” Lenda das rosas” e a” Igreja de Santo Estêvão “ que assim ganharam uma nova textura. Neste álbum criou originais de sua autoria e Custódio Castelo, musicando poema originais de Ary dos Santos ou seus e do grande dramaturgo e poeta Almeida Garrett. Extraordinário e polémico também o seu desafio de cantar e mítica” Trova do Vento que Passa “, glorificada por Adriano Correia de Oliveira.
Discografia