Celina da Piedade

Celina da Piedade é instrumentista, compositora e investigadora. Começou a estudar música aos 5 anos, e pouco tempo depois a actuar em público. Completou o curso de acordeão e piano no Conservatório de Setúbal, onde também deu aulas de acordeão.

Licenciou-se em História – Património Cultural na Universidade de Évora e é mestre em Ciências Musicais – Etnomusicologia pela FCSH-Universidade Nova de Lisboa.

Em 1998 conheceu a Associação PédeXumbo, com quem colabora desde então, tendo sido Presidente da Direcção entre 2007 e 2011 e Presidente Honorária. No ano de 2000 iniciou a colaboração com Rodrigo Leão tocando em todos os concertos e trabalhos do compositor até 2016. A esta partilha acrescentam-se outras, como artista e compositora: Mayra Andrade, Uxia, Ludovico Einaudi, Kepa Junkera, Gaiteiros de Lisboa, António Chainho, Samuel Úria, entre muitos outros.

É membro fundador dos projectos Uxu Kalhus e Homens da Luta.

Participou em mais de uma centena de edições discográficas, para além de bandas sonoras para cinema, teatro e dança.

No seu trabalho a solo conta com dois álbuns, “Em Casa” (Melopeia, 2012) e “O Cante das Ervas” (Melopeia e Jardim da Boa Palavra, 2014). Integra paralelamente o grande colectivo Tais Quais, fazendo parceria com Vitorino, Tim, Sebastião, Serafim, Jorge Palma, Paulo Ribeiro e João Gil.

Participou como instrumentista e formadora em centenas de oficinas em torno da dança e da Música tradicional por todo o mundo. Dedica-se activamente ao estudo e divulgação do património musical alentejano, colaborando com cantadores, grupos corais e entidades locais.

É co-autora do livro “Caderno de Danças do Alentejo”, editado pela Associação PédeXumbo.

Integra o INET-md (Universidade Nova de Lisboa) como investigadora no projecto de Salvaguarda do Cante Alentejano.

Celina da Piedade, Em casa, 2012.

Júlio Pereira

Júlio Pereira (n. Moscavide, 22 de dezembro de 1953-) aprendeu a tocar bandolim com o seu pai aos 7 anos. Durante a adolescência fez parte de várias bandas de rock entre as quais Xarhanga e Petrus Castrus com quem gravou dois discos.

A partir dos vinte anos (ano da revolução 74) e até aos trinta colaborou – em concertos e inúmeros discos – com os compositores mais importantes de Portugal destacando-se a sua colaboração com José Afonso (a partir de 1979) com o qual colaborou regularmente tocando em vários sítios do mundo e co-produzindo os seus últimos discos.

Ainda nesta década trabalha como músico em alguns grupos de Teatro com encenadores como Augusto Boal, Águeda Sena e João Perry. Gravou os seus primeiros álbuns de autor: Bota-Fora, Fernandinho vai ó vinho, Lisboémia e Mãos de Fada.

Em 1981 lançou o álbum Cavaquinho – o seu primeiro disco instrumental – ganhando todos os prémios de música do País iniciando o seu percurso como instrumentista.

A partir de 1983 e até 2003 gravou regularmente os seguintes discos, alguns premiados: Braguesa, 1983, Nordeste, 1983, Cadoi, 1984 (com a produção do primeiro vídeo-clip em Portugal para o tema “Nortada”), Os Sete Instrumentos, 1986, Miradouro, 1987 (criando em simultâneo o Mapa Etno-Musical de Portugal), Janelas Verdes, 1990, O Meu bandolim, 1991, Acústico, 1994, Lau Eskutara, 1995 (gravado no País Basco com Kepa Junkera), Rituais, 2000 (banda sonora da coreografia com o mesmo nome de Rui Lopes Graça e os bailarinos da Companhia Nacional de Bailado), e Faz-de-conta, 2003 (o primeiro CD Multimédia para crianças).

Fez vários concertos no Mundo, produziu, orquestrou e participou como multi-instrumentista em vários discos de outros autores e colaborou paralelamente com vários nomes da música entre os quais: Kepa Junkera, Pete Seeger, Mestisay e The Chieftains – com os quais gravou o CD Santiago que ganha o Grammy Award 1995.

Em 2006, colaborou no Filme Fados de Carlos Saura com Chico Buarque e Carlos do Carmo produzindo o tema “Fado Tropical”.

Ainda com o bandolim, em 2008 gravou o CD Geografias e criou um concerto com o mesmo nome. Actuou em Portugal e vários sítios do Mundo.

Em 2010 lançou Graffiti, um álbum de canções que conta com a participação de cantoras de vários países entre as quais: Dulce Pontes, Maria João, Sara Tavares, Olga Cerpa (Espanha), Nancy Vieira (Cabo-verde) e Luanda Cozetti (Brasil).

Em 2013 retomou o Cavaquinho e gravou o CD/Livro Cavaquinho.pt. como ponto de partida para uma nova etapa dedicada a este instrumento. É Presidente da Associação Museu Cavaquinho que visa documentar, preservar e promover a história e a prática deste instrumento.

Em 2015 recebeu a medalha de honra da SPA – Sociedade Portuguesa de Autores e foi condecorado com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

Em 2017 publicou o álbum (LP + CD/livro) Praça do Comércio com o qual ganhou o prémio Pedro Osório/Sociedade Portuguesa de Autores 2017 e o prémio José Afonso 2018.

Júlio Pereira, Faz de conta

Júlio Pereira, O meu bandolim

Música tradicional dos Açores

Discografia

Saudades dos Açores, EMT CD275

charanga

Discografia

Aguarela 2 versões, Polydor 1982
Aguarela (CD, Álbum, Reedição) Polydor 1998
Borda tu, 2013.
charanga com X, 2019.

charanga, Aguarela

César Prata

César Prata é um músico notável na exploração do tradicional e na produção de algo novo. Compositor, arranjador e intérprete, é presença assídua na discografia de vários artistas, fundou vários projetos musicais e tem orientado oficinas de instrumentos tradicionais, cultura popular e informática musical.

César Prata

César Prata, com sanfona

Em “Cantar com os meus Botões”, o músico e multi-instrumentista usa a voz e diversos instrumentos (sanfona, guitarra, bandolim, flautas, “beat root”, mbira, percussões) para dar forma a temas construídos «com base na conjugação entre o acústico e o processamento do som através da aplicação de pedais de efeitos», adiantou o Teatro Municipal da Guarda, onde apresentou o disco. Já a utilização de “loops” dá forma aos originais do músico e aos temas da tradição oral portuguesa, assim reinventados ao vivo.

Já no disco Cantos da Quaresma, César Prata e Sara Vidal reúnem músicas tradicionais portuguesas alusivas ao período da Quaresma. Estas palavras do etnomusicólogo Domingos Morais apresentam o novo álbum dos músicos César Prata e Sara Vidal, Cantos da Quaresma, lançado em Lisboa, na Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro e na Livraria Ler Devagar. Com atuações de Cantos da Quaresma, agendadas em Macedo de Cavaleiros, Marinha Grande, Pousade (Guarda) e Monchique, o projeto conta com espetáculos feitos por vários pontos do país. Partindo de recolhas musicais de vários pontos do país, César Prata e Sara Vidal desprendem o canto do compasso do rito religioso e convertem-no a uma musicalidade mais ampla, com novas sonoridades melódicas e instrumentais, pouco usuais na prática popular.

O projeto Ningue Ningue, pelos músicos César Prata e Maria Isabel Mendonça, apresentou-se no dia 20 de fevereiro a partir do Museu Nacional de Arte Antiga com o disco “No Paço e no Terreiro”
Este disco versa sobre a composição, a adaptação e o arranjo de músicas e textos provenientes de cancioneiros dos séculos XIII a XVII, pressupondo as suas origens populares.

Discografia

  • Canções do Ceguinho (CD, Álbum) Aquilo AQL 05 2003
  • Futuras instalações, 2013.
  • Canções de Cordel
  • César Prata & Vânia Couto ― Rezas, benzeduras e outras Cantigas, 2019.
  • Ningue Ningue (CD, Álbum, Edição Especial, estéreo) (Ningue Ningue) 2100008993958

César Prata, Canções de cordel

Xarabanda

Xarabanda é um grupo de Música tradicional da Madeira, numa associação que se dedica à recolha e divulgação dos tocares e cantares da Ilha.

Discografia

  • Tocares e Cantares Tradicionais (1988/1992 – LP e K7) . (1995 CD)
  • Longe da vista me vai (1994 e 1996 – K7 e CD
  • Sete dúzias de mentiras (1997 – CD)
  • Cantigas ao menino Jesus (2001 1.ª ed./2002 2.ª ed./2008 3.ª ed. – CD)
  • Quem anda na roda (2013 1.ª ed. – CD)

Compilações

  • Discografia Completa do Xarabanda e Sua História ‎(Box, Comp) 2019

Vídeos

  • A Festa – Cores, Sons E Sabores Do Natal Madeirense ‎(DVD) Xarabanda 2015

Xarabanda, grupo de Música tradicional da Madeira

Xarabanda, grupo de Música tradicional da Madeira

Xarabanda, grupo de Música tradicional da Madeira

Xarabanda, grupo de música tradicional da Madeira

Xarabanda, Quem anda na roda

Xarabanda, grupo de música tradicional da Madeira

Xarabanda, Sete dúzias de mentiras

Os Xarabanda apareceram em 1981, sob o nome de Algozes – estando nessa altura conscientes da situação quase irrecuperável de espécimes do património musical madeirense – propuseram-se a uma missão obrigatória. O grupo passou os 8 anos seguintes a promover por toda a Madeira e também fora dela as tradições musicais madeirenses, mesmo que em muitos casos, deparassem com muita resistência e indiferença face ao seu trabalho.

Em 1989 lançaram o seu primeiro disco, “Tocares e cantares tradicionais da Madeira” que numa edição de autor, marcava igualmente a mudança de nome para Xarabanda.

Como o próprio nome indica Xarabanda é a junção de Xaramba com Banda que teve e tem como objetivo dar uma maior importância, do que até então, à Música tradicional da Ilha da Madeira.

A década de 90 é a mais profícua para o grupo, tendo sido editados mais dois trabalhos discográficos “Longe da vista me vai” – 1994 – e “Sete dúzias de mentiras”, em 1997.

O grupo criou o primeiro grande festival de Música tradicional na Madeira, o “Ao encontro da Música Popular” que organizado desde 1994, deu lugar ao “Raízes do Atlântico” em 1999 e que ainda se encontra no ativo atualmente em 2022.

Em 2001 lançou o seu primeiro álbum temático intitulado “Cantigas ao menino Jesus”, que face ao número de vendas, teve uma 2.ª edição em 2002. Mais tarde em 2008, fez uma 3.ª edição do mesmo álbum, regravando e acrescentando mais alguns temas.

Em 2013, gravou o seu 2.º álbum temático dedicado aos jogos e brincadeiras tradicionais, intitulado “Quem anda na roda”.

Em 2019, gravou um novo álbum temático, “A cantar se contam histórias”, dedicado aos contos e histórias tradicionais e populares.

Como tal, os temas são passíveis de diferentes interpretações pelo que trabalhamos numa linha de “estilizações heterogéneas” que, julgamos, não desvirtua o material em questão; pelo contrário, enriquece-o, tendo sempre o cuidado de respeitar as características que lhe são próprias.

A formação do grupo é composta em 2022 pelos músicos: Roberto Moniz (braguinha, rajão, Viola d’arame, Viola e voz), Roberto Moritz (braguinha, rajão, Viola d’arame, Viola e coros),  Filipa Camacho (voz), Slobodan Sarcevic (acordeão), Carlos Figueira (Viola baixo), Duarte Salgado (percussão).

O trabalho do Xarabanda deu frutos no aparecimento de outros grupos que, partindo dos seus pressupostos, seguiram caminhos diversos, sempre dentro da matriz genérica da tradição musical madeirense. As propostas têm ido desde seguir de forma bastante próxima a tradição recolhida até trabalhos essencialmente de criação original, dentro das características tradicionais, ou de novas sonoridades.

Fonte: Xarabanda, adaptações de António José Ferreira